quinta-feira, 15 de abril de 2010

A Joana

Hoje conheci a Joana.
Engenheira civil, vinte e poucos anos, madrinha do pequeno Miguel, o sobrinho, filho do irmão mais velho.
O pai está reformado. A mãe trabalha durante a manhã, almoça a correr, quando tem tempo e "voa" para Coimbra para poder prestar à Joana o apoio de que precisa.
Deitada ao meu lado, quando as 14:30 h se aproximam, a Joana faz-me sinal para que lhe diga as horas, e diz "Mãe, a Mãe"
Aos poucos fui percebendo o essencial da história.
A Joana teve um acidente, fez uma factura cervical que a atirou para o limiar da vida.
Vários meses em coma mas a Mãe ali esteve. Sempre!
Justiça seja feita, toda a família, tanto quanto percebi, esteve sempre ao lado da Joana.
É impressionante observar o evoluir desta menina!
Da Joana que, naquele dia fatídico se deixou arrastar para uma ribanceira, separa-a, apenas, alguns quilos, uma melhor coordenação motora, o reflexo da deglutição e pouco mais.
Quem a vir percebe que não demorará muito mais!
Os amigos estão por cá todos os dias ( e são muitos) o Miguel está em várias fotos que a madrinha vê, atentamente, todos os dias, a família apoia, o pessoal médico e de enfermagem não a largam e a Mãe continua a "voar" todos os dias, às 14:30 h (mais coisa menos coisa...) para ver a sua menina evoluir todos os dias.
Boa sorte Joana!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Vazio


Espero-te. Não vens, eu sei!
Vais dando notícias, cada vez mais raramente, com mais pressa.

Isto vai-me passar, não  vai?
Esta vontade de querer saber sempre de ti, de pensar em ti, de querer saber o que fazes, como estás!

Como se faz para passar?
O que se põe nesse lugar vazio?

O tempo! Pois o tempo!
Faz-me lembrar outras perdas! É o tempo, dizem!
Como se o tempo pudesse tirar as dores, ocupar os espaços, tirar as memórias que não queremos perder!

E é igual. Sempre igual!
Devagar, muito devagar, começamos a ver a distância a aumentar, como se as pessoas começassem a caminhar, devagar, sempre a caminhar, devagar .... e nós ficamos imóveis, a vê-los ir, sem nos pudermos mexer, querendo correr, impedi-los de se afastarem, mas algo (alguém, alguma coisa) nos (os) impede de encurtar o afastamento!

Como se faz para passar?

sábado, 3 de abril de 2010

Um passo, uma flor!

Hoje é dia de colocar uma flor!
No jantar que preparámos para os filhos (os meus e os que os meus escolheram!), recordámos as coisas boas que nos ensinaste a fazer!
Foi engraçado percebermos que nos lembramos dos pormenores, das expressões ternurentas que usavas para qualificares cada um de nós (a "doninha" era a mais pequena, a tua pequenita!). Lembrámos, também, as histórias que contavas e rimos (rimos, mesmo!) das partidas que pregavas quando querias "arreliar" a avó!

Pois, à mesa, alguém que nunca te conheceu, riu connosco, ouviu os mais novos falar de ti e, à noite, quando todos rumaram aos seus destinos, comentou: Era um Homem extraordinário! E vocês amam-no muito!

Deixo-te uma flor! Mais uma!