O frio da noite desapareceu, encoberto pela capa longa que
evitou a chuva miudinha que, entretanto tinha aparecido.
A música crescia na rua.
E na rua, cada gesto, cada poro, cada som trazia a intensidade
crescente, repetida e brilhante do fogo de artifício que se tinha contido e que
o calor fez explodir!
No dia seguinte, apenas a memória e um resto de cor do
carnaval, ficou para marcar o momento!
Hoje, a marcha já não tem brilho. Falta-lhe o calor!
Deste 11 de Setembro ninguém fala! Mas é bom não esquecer!
HOMENAGEM AO POVO DO CHILE
Foram não sei quantos mil operários trabalhadores mulheres ardinas pedreiros jovens poetas cantores camponeses e mineiros foram não sei quantos mil que tombaram pelo Chile morrendo de corpo inteiro.
Nas suas almas abertas traziam o sol da esperança e nas duas mãos desertas uma pátria ainda criança.
Gritavam Neruda Allende davam vivas ao Partido que é a chama que se acende no povo jamais vencido. - o povo nunca se rende mesmo quando morre unido.
Foram não sei quantos mil operários trabalhadores mulheres ardinas pedreiros jovens poetas cantores camponeses e mineiros foram não sei quantos mil que tombaram pelo Chile morrendo de corpo inteiro.
Alguns traziam no rosto um rictus de fogo e dor fogo vivo fogo posto pelas mãos do opressor. Outros traziam os olhos rasos de silêncio e água maré-viva de quem passa uma vida à beira-mágoa.
Foram não sei quantos mil operários trabalhadores mulheres ardinas pedreiros jovens poetas cantores camponeses e mineiros foram não sei quantos mil que tombaram pelo Chile morrendo de corpo inteiro.
Mas não termina em si próprio quem morre de pé. Vencido é aquele que tentar separar o povo unido. Por isso os que ontem caíram levantam de novo a voz. Mortos são os que traíram e vivos ficamos nós.
Foram não sei quantos mil operários trabalhadores mulheres ardinas pedreiros jovens poetas cantores camponeses e mineiros foram não sei quantos mil que nasceram para o Chile morrendo de corpo inteiro.